Esse presente texto tem como objetivo, relatar a visita ao IHGS (Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe), realizada no dia 02/04/2011, onde fomos recebidos pelo presidente do instituo, Samuel Albuquerque, onde a explicação foi dividida em cinco partes. A primeira parte, refere-se à sala dos presidentes; onde o presidente faz uma explanação a despeito do breve histórico, fundação, e função do instituto durante esse período; a segunda corresponde a sala de leitura e pesquisa, denominada de salão de leitura, Epifânio Dória; a terceira sala refere-se a pinacoteca; na quarta sala, temos o museu e a última parte apresentada foi auditório.
A criação da instituição ocorre em agosto de 1912, em outra sede, porém, o atual prédio começa a ser construído 1937, com sua conclusão em 1939, pelo engenheiro alemão Aldebrechet, e somente foi tombado em 2007. Esta é uma instituição civil, sem fins lucrativos, é uma entidade privada, desde sua criação, com o objetivo de reunir um acervo significativo, representativo da memória dos sergipanos. No prédio desde sua construção, não foi feita nenhuma reforma significativa, apenas recentemente foi incorporada à estrutura, uma rampa para deficiente físico atendendo a legislação brasileira, pensa-se em fazer outra intervenção como, a instalação de um elevador.
No que diz respeito, a sala dos presidentes, lá estão representados todos os ex-presidentes desde o primeiro, João da Silva Melo em 1912, até o penúltimo o prof. Ibarê Dantas, que esteve a frente do instituto de 2004 até 2009. Os presidentes sempre foram intelectuais de destaque na sociedade, na política, na cultura, na jurisdição. O grande artífice criador foi Florentino Teles de Meneses, um médico intelectual da primeira metade do século 20, deu importante contribuição no campo da sociologia em Sergipe, o nosso instituto é o mais tardio, criado só na república.
Alguns dos primeiros presidentes, pertenciam ao poder público e judiciário, más, a partir da década de 70, a presidência do instituto sempre foi de intelectual da educação, como José Calazans que é Aracajuano, más fez carreira acadêmica na Universidade Federal da Bahia, foi presidente do instituto na década de 70, antes de migrar para a Bahia, foi professor da escola normal. Além desse, temos também, o profº. Ibarê Dantas, vinculado ao departamento de ciências sociais, e Maria Thétis Nunes que durante décadas, foi professora do departamento de história da UFS (Universidade Federal de Sergipe), faleceu em outubro de 2009, sendo a presidente do instituto que mais tempo ficou na presidência, por mais de três décadas.
O salão de leitura ou salão Epifânio Dória, refere-se a segunda parte da visita, é o espaço mais concorrido do instituto, aqui ficam as mesas para leitura e pesquisa, em outra mesa temos instrumentos de pesquisa como catálagos e inventários, onde já pode ser consultado nos computadores. Ainda neste salão, é possível ver parte do acervo riquíssimo da pinacoteca, são telas que retratam sobretudo políticos e intelectuais sergipanos, figuras que rivalizaram, temos ainda, uma reserva técnica no segundo andar, de 150 telas.
Epifânio da Fonseca Dória foi funcionário público, e também um divisor de água na estória intelectual sergipana, foi também presidente do instituto entre 1935 e 1939 por um período curtíssimo de tempo, ele deixa a presidência, más se torna a figura mais atuante nesta casa, esteve vinculado à organização, e ampliação de importantes acervos no estado, como o acervo do IHGS, acervo do arquivo público, acervo da biblioteca Pública Epifânio Dória.
Na sala de leitura pode ser vislumbrado outro espaço, como a sala da presidência, é uma sala pequena e o que mais chama atenção é uma tela que representa um político alagoano, do séc., XIX, Manuel Joaquim Fernandes de Barros, Doutor, mas que casou com uma sergipana e fez carreira política sergipana.
Quanto a sala da pinacoteca, o acervo é riquíssimo, eu diria que Sergipe depois do Rio de janeiro, é quem mais preservou obras da escola de belas artes do Rio de janeiro, da década de 1930, Epifânio Dória,começa a compor o acervo, a partir de doações de políticos e intelectuais, más, essas obras com valor nacional e internacional, que remetem aos artistas plásticos da escola de belas artes do Rio de Janeiro, da primeira metade do séc. XIX, foram doadas por um artista plástico carioca, chamado Galdino Bicho, que viveu parte de sua infância em Sergipe na década de 50, o pai dele era um tecelão que foi contratado pela Sergipe industrial, parte da infância foi em nosso Estado, andou e viveu em aqui, e guardava na sua memória um carinho muito grande por Sergipe e quando ele morre, sua família doa seu acervo para o IHGS.
Nessa sala ocorre exposição temporária que foi montada no final do ano passado, chamada primavera em tela que reúne artistas, aqui também ocorre reuniões acaloradas com o presidente, o diretor e vice-presidente, dois secretários, orador. O nome da pinacoteca é Jordão de Oliveira, artista plástico aracajuano que se destacou no Rio de Janeiro na primeira metade do século XX, da escola de belas artes.
O museu do IHGS, é o primeiro museu sergipano, que surge com pequeníssimas dimensões, e na sua origem é classificado como um gabinete de novidades, pois tem os mais variados objetos representativos da memória da história de Sergipe, porém não apresenta uma linearidade no discurso, é um cervo que representa episódio e temas dos mais variados da história de Sergipe, sobre economia, cultura, carnaval, políticas, conflito militares, é uma exposição permanente e foi pensada pela Profª Verônica Nunes, chamada fragmentos da história de Sergipe.
A despeito da hemeroteca, a maior parte dos arquivos da hemeroteca, já se encontra digitalizado, principalmente o acervo de jornais do século XIX, e sobretudo, uma grande parte da memória da imprensa sergipana do séc. XX, com mais de 1000 volumes, com o apoio da Petrobrás e do governo do Estado e da própria Universidade Federal de Sergipe.
Em seguida temos o nosso arquivo, que tem um acervo riquíssimo, onde quase todo já foi organizado. Na gestão de Ibarê Dantas, foi organizado 40 caixas, hoje esse número cresceu e possui 500 caixas, o acervo é constituído também de doações das famílias dos intelectuais sergipanos, após a morte dos mesmos, atendendo a seus pedidos. O instituto sofre hoje um grande problema seriíssimo, que é a falta de espaço físico para a preservação dos arquivos, para tanto é preciso criar alternativas, pois diariamente esse acervo é ampliado ao passo que recebe novas doações como, telas, periódicos, jornais, revistas etc.
A seção sergipana, faz parte da biblioteca e do arquivo, boa parte dos pesquisadores solicitam obras desta seção do arquivo, o que está disponível são obras de sergipanos, ou de não sergipanos que tratam da história, da cultura da geografia, da economia de Sergipe, e documentos importantes como cartas de sesmaria, a maior parte do acervo é do séc. XX, com raros documentos que remetem ao período colonial.
Muito recentemente, o instituto recebeu o acervo particular, constituído de arquivo e biblioteca do médico Lauro Porto, importante da história de Sergipe, doado por sua família. Apesar de médico era humanista, a maior parte de seu acervo era de medicina, más também tinham obras específicas sobre Sergipe, como por exemplo, a coleção completa da revista do instituto, desde sua criação em 1913.
Está para receber também o acervo particular da Profª Maria Thétis Nunes, o presidente disse ainda, que tem tomado medidas que tem desagradado a diretoria, quando resolveu selecionar os arquivos a serem recebidos, já que de acordo com a legislação, o instituto não precisa preservar por exemplo, a coleção de revistas da academia de letras de Goiás. Recentemente o arquivo, após reunião fez a doação do acervo de medicina para a Somese (Sociedade médica de Sergipe), para que a mesma faça a salva guarda desse acervo. Além disso, é possível encontrar também o acervo particular de: Armindo Guaraná; José Calazans; Manuel Passos de Oliveira Teles; Fernando porto e Maria Thétis Nunes. No que se refere à biblioteca, ela possui mais de 50 mil volumes, incluindo entre livros e periódicos.
A quinta e última parte, refere-se ao auditório, que é um espaço muito representativo, pois a primeira visita e discurso do sindicalista Lula em Aracaju se deu nesse auditório, bem como o primeiro discurso do governador Marcelo Déda. Além disso, foi lá também que foi velado os restos mortais de Arthur Bispo, e ainda hoje é palco da realização de vários eventos políticos, assembléias etc., isso se deve ao fato de estar bem localizado no centro da nossa capital, de ser o maior auditório do nosso Estado com mais de 400 lugares. As pessoas que passaram pela diretoria do instituto foram intelectuais que tem história na instituição, que de algum modo se beneficiaram dele, seja através de pesquisa, e agora dão sua contribuição.
Não se pode ter muitos sócios, pois o limite de sócio permitido pela legislação é de 120, o instituto tem aproximadamente 20 sócios efetivos, hoje os sócios políticos não estão tão presentes quanto antes, com uma presença maior dos intelectuais da academia sergipana de letras, da Universidade Federal de Sergipe, e a velha guarda. Para ser sócio do instituto tem que ser graduado, residir em Sergipe e ter uma produção acadêmica reconhecida e considerável. Os sócios contribui com cem reais anualmente.
Para se manter, o instituto tem parcerias com o governo do estado, que contribui com 40 mil reais anualmente, com a Universidade Federal de Sergipe, e com a prefeitura municipal, que sede 2 (dois) estagiários que servem ao instituto pagos pela mesma, além disso recebe algumas doações voluntarias. A UFS, têm um convênio com o instituto, onde publica a revista do instituto, a mais antiga em circulação com seu primeiro número em 1913.
Por fim, o presidente Samuel apresenta o site do IHGS, onde será possível buscar mais informações como histórico da instituição, e arquivos disponíveis no instituto.