O presente relatório é parte integrante da disciplina Temas de Sergipe I, e tem como objetivo abordar as atividades desenvolvidas na visita realizada no dia 16/04/2011 à Fazenda colégio Tejupeba, localizada a cerca de 40 km de Aracaju, no município de Itaporanga d’Ajuda. A chegada a fazenda atualmente denominada de Iolanda, ocorreu as 9:00hs, onde foi feito o reconhecimento e a observação das características bem como do estado de conservação da igreja e do colégio, com a realização de uma dinâmica em grupo, e em seguida deu início ao seminário.
De acordo com o que foi apresentado no seminário, o colégio e a fazenda são edificações do início do século XVII, que testemunham a presença atuante dos seguidores de Santo Inácio de Loyola, nas terras de Sergipe Del Rey, tem como primeiro proprietário os jesuítas, que eram proprietários de muitas terras nesta região, onde vão construir a igreja e o colégio e iniciar o trabalho de catequese com os índios, além de desenvolver na fazenda a criação de gado, já que as terras eram propícias.
Por volta de 1759, os jesuítas são presos e enviados à Bahia para serem expulsos do Brasil com os demais membros da ordem, após esse período Domingos Dias Coelho, então “familiar” do Santo Ofício, e futuro barão de Itaporanga arremata a fazenda colégio expropriada dos Jesuítas pelo rei de Portugal Dom José I, e posteriormente com o nascimento de seu filho Antônio Dias Coelho e Melo, futuro Barão da Estância passa aos domínios das terras, com a morte do pai Domingos Dias Coelho e posteriormente seu filho e Antônio Dias coelho em 1904, a fazenda passa a ter um novo dono, entre 1920 e 1929 Nicola Vibonatti Mandarino compra a fazenda colégio, aos herdeiros de Antônio Dias Coelho e Mello, o Barão de Estância. A aquisição da fazenda colégio Tejupeba na época era bastante disputada, pois além de possuir terras excelentes para a criação de gado, e está localizada próximo ao rio vaza-barris, também possuía um dos “estaleiros” da Companhia de Jesus no Brasil, usado para a construção de barcos.
Nicola muda o nome da fazenda para Iolanda em homenagem a uma de suas filhas e reforma o velho casarão construindo dois banheiros e uma nova cozinha, e também constrói uma nova casa na fazenda. Em 1959 Nicola Mandarino muda-se para o Rio de Janeiro e deixa a fazenda colégio, aos cuidados do filho Umberto Mandarino, a partir de então perde parte de sua área que dá lugar aos povoados Nova Descoberta, Várzea Grande e Oiteiro. Como é possível observar a fazenda Tejupeba desde sua origem passou por três gerações de proprietários diferentes até os dias de hoje com a família Mandarino. De acordo com informações de dona Ruth Mandarino, que esteve na igreja durante a nossa visita, foi realizado a troca de todo o telhado da igreja da fazenda colégio, que havia desabado com as chuvas de inverno.
A despeito das observações visuais, podemos notar uma grande depredação da igreja, bem como do colégio, com pedaços de madeiras no interior da igreja, ausência de bancos, paredes quebradas, assoalhos com cupim, ausência de altar e de imagens, no colégio ocorre do mesmo modo. Quanto às características arquitetônicas tanto da igreja quanto do colégio, apresentam-se da mesma forma com uma grande quantidade de portas e janelas, que foi planejada desse modo, com o objetivo de facilitar o fácil acesso e obter uma boa claridade. A igreja apresenta características barrocas em suas portas, as cores predominantes tanto no colégio quanto na igreja são: o verde para as portas, e a branco para as paredes.
Por fim, em 1943 a igreja e o colégio foram tombados pelo Serviço do Patrimônio Artístico e Histórico Nacional (IPHAN), e em 1953 foi realizado um restauro na mesma, de lá para cá nada foi feito, atualmente necessita urgente de uma reforma sob pena de ser destruída totalmente.
A visita à igreja Nossa S. da Conceição, teve seu início às 15:15 hs, onde foi possível observar algumas particularidades, pois diferentemente da fazenda Tejupeba, as terras onde se encontra hoje a igreja de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, em Tomar do Geru, pertenciam à ordem das Carmelitas e foram vendidas para os jesuítas que ergueram a igreja em 1688, dando início a missão do Geru, pelo padre Luiz Mamiani Della Rovere.
A igreja de Geru é uma das mais belas de todas as igrejas missionárias do século XVII, apresenta em sua arquitetura muitas características dos jesuítas, com altar apresentando detalhes de flores em ouro e figuras barrocas marcantes, suas paredes são largas para tão pouco compartimentos acessíveis, outra característica marcante dos jesuítas observada, é o resplendor que está fixado no centro do telhado da igreja, um anagrama que está escrito J.H.S (Jesus Hominum Salvatori). A beleza e arte tinham o objetivo de atrair os índios a aceitar a catequese, era uma forma de demonstrar que o Deus dos jesuítas era muito poderoso.
Em 1692, começa de fato a missão residente, onde das 1700 pessoas na região, 400 eram índios, ao passo que os jesuítas introduziam a cultura ocidental, por conseguinte, originava a perca das características dos nativos. Com a expulsão dos jesuítas, a igreja continuou o seu funcionamento até os dias de hoje. No que diz respeito à estrutura física, apresenta um excelente estado de conservação, isso se deve ao fato de nunca ter perdido sua função, porém já passou por pequenas reformas, como por exemplo, a realizada nos bancos, que não são os mesmos desde sua origem. Por fim, o seminário se encerrou por volta das 17:00hs, com o retorno à capital.