segunda-feira, 23 de maio de 2011

ENTREVISTA COM A PROFESSORA BEATRIZ GÓIS DANTAS

Na aula do dia 16/05/201, foi exibido em sala de aula, um vídeo que tratava de uma entrevista com a professora Beatriz Góis Dantas, que é antropóloga e graduada em história e geografia, ensinou em cursos de especialização em ciências sociais e educação na UFS na década de 1980, também lecionou no Programa de Qualificação de professores (PQD).
Sergipe sempre foi a região de suas pesquisas, durante esses anos dedicou-se a pesquisar temas diversos, como folclore, culto afro-brasileiros, as formas da religiosidade popular, artesanato, a etno-história indígena, e mais recentemente o artesanato. Desses trabalhos alguns resultaram em livros, como a Taieira de Sergipe; vovô nagô papai branco, fruto da sua dissertação de mestrado que também virou livro; terras dos índios xocós.
No artesanato dedicou-se a estudos de rendas e cerâmicas, onde publicou o livro rendas e rendeira no São Francisco, que se refere às rendeiras de Poço Redondo com suas rendas de bilro, também realizou alguns trabalhos em parcerias coletivas com autores diversos, que se iniciou com o livro textos para a história de Sergipe, posteriormente com o atlas escolar de Sergipe, organizado com o pessoal da geografia, onde tem um capítulo que trata da cultura sergipana, ainda sobre os índios, escreveu um capítulo sobre os índios no nordeste, no livro história dos índios no Brasil.
O interesse pelo tema indígena surgiu na sala de aula, após os alunos perguntarem o que tinha acontecido com os índios em Sergipe, e na época não havia nenhuma bibliografia que tratasse do assunto. No séc. XIX existiam cinco aldeias oficiais de povoação reconhecida e na segunda metade do mesmo séc., essas aldeias desaparecem, e a partir desse questionamento o que aconteceu com as aldeias? então começou a pesquisar sobre o tema com a intenção de estudar as aldeias, inicialmente escreveu várias monografias sobre a aldeia de água azeda, aldeia de Geru, aldeia de Pacatuba, aldeia de Porto da folha.
Em relação a sua produção sobre os índios em Sergipe, diz que retomou um tema já trabalhado por Felisbelo Freire, que foi o primeiro a falar dos índios, más argumenta que ele deixou de falar dos índios já no séc XVIII, também destaca Feltre Bezerra, que não se dedicou especificamente a falar dos índios, ao contrário dela que se dedicou especificamente ao índio como objeto de estudo, e conseguiu responder o porque da ausência dos índios no séc XIX, onde os presidentes de províncias começam a dizer que não existem mais índios, o que se tem é uma população misturada, que não tem cultura indígena, que não tem caracteres dos índios, e o que se tem são mestiços.
Ela associa esse fato à legislação sobre as terras, a lei dizia que uma vez que os índios se misturassem a população, perderiam suas terras, com a negação da existência de índios eles perderiam as terras das aldeias para união, esse fato se dá pela cobiça dos fazendeiros de gado que viviam em conflitos freqüentes com os indígenas, dessa forma ela consegue explicar porque não se falava mais dos índios. Além disso, essa documentação de sua pesquisa serviu de subsídio junto a FUNAI, em uma luta travada em 1970, de antigos remanescentes dos índios xocós da aldeia de São Pedro, para reaver suas terras.
Outra vertente desses estudos foram os instrumentos de pesquisa sobre os índios, que resultou em três livros que reúne toda a documentação pesquisada durante todos esses anos, mostrando tudo que há no arquivo sobre os índios, a despeito desse assunto diz que é um trabalho ingrato, pois exige muito esforço, emprego de tempo e nenhuma notoriedade, pois ele apenas subsidia o trabalho dos outros pesquisadores, e, além disso, dificilmente se publica esse tipo de trabalho.
            Por fim, diz que embora tenha pesquisado bastante sobre os índios, diz que é um tema ainda muito aberto, e há muito o que se pesquisar, para tanto acredita que seus instrumentos de pesquisa podem ajudar muito a esse respeito, por abrir pistas para novos pesquisadores.