domingo, 31 de março de 2013

INVASÃO HOLANDESA







OS DISSABORES DA INVASÃO HOLANDESA À CIDADE DE

 SÃO CRISTOVÃO (1637-1645)

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Resumo: Em 1637, quando a cidade de São Cristovão ainda engatinhava no desenvolvimento da sua  capitania, irrompe a invasão holandesa trazendo sérias consequências e provocando vários conflitos durante os sete anos de sua ocupação, tanto no que diz respeito a interrupção no processo de colonização, quanto na vida administrativa, na estagnação das atividades de subsistência, bem como, na produção dos recursos,  somado ao atraso que se processou nesse período. Nesse sentido, esse texto tem como o objetivo entender como se deu esse processo de embates entre holandeses e portugueses nessa cidade. Para tanto, nortiei-me principalmente nas referências de Thétis Nunes e Felisbelo Freire, que abordam muito bem o tema em questão.

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Palavras-chave: São Cristovão, Invasão, Embates, Destruição.



A vetusta cidade de São Cristovão foi a primitiva capital do Estado de Sergipe, e desde do processo de fundação, foi palco de grandes embates e lutas no campo político, administrativo e social ao longo dos séculos, onde por mais de uma vez, foi invadida por desordeiros e revoltosos. Nesse nosso estudo, cabe trabalhar apenas o período da invasão holandesa à essa cidade, compreendido entre 1637-1645. O prelúdio desses enfrentamentos se dá, com o grande embate no alvorecer de 1590, com a consolidação da vitória de Cristóvão de Barros, que tendo vindo realizar pelas armas, a conquista do território sergipano que se achava sob o domínio do gentio, aliado à piratas franceses que chegaram pelos fins de 1589, deixam cerca de 2.400 índios mortos e 4000 feitos prisioneiros.
O conquistador após cuidar dos feridos, fundou a cidade-forte de São Cristovão próximo à foz do Rio Sergipe, também conhecido como Rio cotinguiba, no ístmo formado pelo Rio Poxim. Essa povoação, já citada acima, à qual Cristovão de Barros assim denominou-a, em honra ao santo do seu nome, era também chamada de Sergipe Del Rei, por ser a conquista em parte resultado de iniciativa real, e também para diferenciá-la de Sergipe do conde, território pertencente ao recôncavo baiano, essa seria a nascente capital, da neófita capitania de Sergipe.

Naquele momento a incipiente São Cristovão, passou os seus primeiros anos de vida, sem maiores transtornos na sua história, lançado os fundamentos da vida administrativa no rumo de sua colonização. É a partir de lá, que começaram a expedir-se pelos seus capitães-mores, as primeiras cartas de sesmarias visando povoar-se o território, num impulso  de penetração que ia do sul e, depois, do leste, para o oeste. Grande foi a corrida inicial de colonos pela posse da terra sergipana. Duas décadas após a vitória de Cristovão de Barros sobre os gentios, já se apresentava promissora a vida nessa capitania.
Esse processo de desenvolvimento fora interrompido em 1637, quando irrompe a invasão holandesa em Sergipe, e São Cristovão como sede da Capitania, sofre mais um trágico infortúnio resultante do enfrentamento de fogo. De acordo com o autor, Felisbello Freire, na obra “História de Sergipe” o conde Bagnuolo era o comandante das tropas portuguesas, e estava fortificado em Porto Calvo, quando Maurício de Nassau, assumindo a direção do governo holandês em Pernambuco, logo pôs-se a campo com as tropas holandesas  a estender os domínios para o sul, tomando conhecimento do avanço da força holandesa, e por não poder deter o exército inimigo, Bagnuolo abandona Pôrto Calvo, e batendo em retirada chega ao Rio São Francisco em 27 de março de 1637, edificando um forte que denominou de Mauritius.
No mesmo ano, Bagnuolo após obter a notícia de que, o exército holandês reunia forças para continuar o avanço em direção ao São Francisco, e tendo conhecimento da superioridade numérica do seu opositor, objetivando uma ação definitiva, novamente temendo o embate e visando proteger o coração da colônia, o exército luso-brasileiro do Conde Bagnuolo, recua agora em direção à São Cristovão, chegando à cidade em 30 de março, não tardando encetar contra o inimigo que se aproxima, uma guerra de emboscadas.
No dia 14 do mesmo mês, mais uma vez sentido a desvantagem de um combate frente à frente, abandona a cidade fugindo para a Bahia, porém, antes expede diversas partidas a devastarem e assolarem a fogo o território que abandonavam, causando devastações pelas ruas e os arredores, a fim de que, as forças inimigas não encontrassem muito o que aproveitar.
Quando as tropas de Maurício de Nassau penetram os muros de São Cristovão, em 17 de novembro de 1637, já encontram a cidade indefesa e novamente a incendeiam e a destroem. Nesse período, a São Cristovão já possuía cem fogos (casas), uma misericórdia e dois conventos. A despeito dessa destruição diz FREIRE: “A destruição encetada pelos conquistados é acabada pelos conquistadores, que entregam às chamas a pequena cidade devastam os canaviais e os sítios, incendeiam os engenhos e em vez de proteger os infelizes abandonados, aqueles cujas forças privaram de acompanhar os seus concidadãos, enxotam-nos de seus lares, para com a miséria e a dor, seguirem a reforçar o exército fugitivo”. (FREIRE, Pg, 126).
De acordo as “efemérides sergipanas”, depois que os invasores devastaram toda a capitania, retiraram-se para o São Francisco, sem nela deixar o menor vestígio de administração pública, não obstante incorporada ao seu domínio. Para Felisbelo Freire, essa atitude demonstra que os holandeses trataram Sergipe com desdém e esse teria sido o gérmen  da queda  do seu domínio no Brasil.
As consequências dessa invasão foram várias, desde os saques e devastações realizadas pelos conquistadores e fugitivos na região, fazendo da capitania um deserto, exaurindo com o trabalho agrícola, interrompendo o contínuo processo de colonização a partir da cidade de São Cristovão,  até provocar o atraso na vida administrativa local.
A pecuária que havia se tornado inicialmente, a mais importante atividade  dos colonos desde os primeiros anos da conquista em 1590, vai sofrer grandes baixas, encerrando-se a primeira etapa do desenvolvimento dessa atividade na capitania de Sergipe. Não só a criação do gado, más as culturas de subsistência que até então, tinham sido  o suporte da economia sergipana, além do fumo que estava em desenvolvimento, como bem observa a  autora Thétis Nunes, que diz: “quando os holandeses aqui chegaram, no começo do século XVII, encontraram muitas lavouras dos melhores tabacos.”
A despeito do estagnamento dessa atividade pastoril na região, diz NUNES: “A destruição do gado existente foi feita por ambos os contendores. Bagnuolo levou para a Bahia cerca de 8.000 reses, após ter matado 5.000, os holandeses fizeram passar para seus domínios de além São Francisco, todo o gado que foi possível, sacrificando 3.000 cabeças que não puderam levar”. (NUNES, pg, 102).
Antes da devastação autorizada pelo conde Bagnuolo na cidade de São Cristovão, os recursos da região eram consideráveis. No que diz respeito a criação de gado, desde o período da consolidação do domínio luso, as exportações da Capitania de Sergipe del Rei eram o gado vacum e cavalar, as criações miúdas, que compreende porcos, ovelhas, cabras, e os derivados das culturas de subsistência, em que se destacavam a farinha de mandioca, o arroz, o milho, e o feijão. (NUNES, pg. 144).
Corroborando com o pensamento de Thetis Nunes, de que a capitania de Sergipe apresentava-se promissora, o autor Felisbelo Freire em um contexto que trata da devastação causada a capitania diz: “Bagnuolo, em uma incandescência de ódio e rancor, no intuito do inimigo nada encontrar na nascente capitania, entrega tudo à destruição de seus soldados, desaparecendo uma pequena riqueza, acumulada em quarenta e sete anos de colonização” (FREIRE, pg. 126).
A farinha de mandioca, produto de subsistência muito cultivado na capitania sergipana, foi de grande importância na alimentação dos holandeses, tanto que a partir de 1640, o príncipe Nassau baixou uma resolução, obrigando os senhores de engenho e os lavradores de cana a plantarem, para cada negro escravo, 300 covas de mandioca; os que não tivessem engenho ou não plantassem cana deveriam plantar 500 covas.
Em 1640, torna-se a cidade em novo palco de lutas entre forças portuguesas e os holandeses, desencadeando a batalha em 1º de agosto, da qual as tropas portuguesas saíram vitoriosas, marcando uma etapa decisiva no que poderia ser uma retomada de Sergipe para o domínio de Portugal.
Em 1641, o príncipe de Nassau mandou que Andreas, um dos comandantes holandeses das tropas do São Francisco, com reforço de quatro barcos que lhe foram enviados de Recife, invadisse o território sergipano até atingir o Rio Real, onde deveria ser construindo o trincheiramento, no entanto, numa atitude estratégica o comandante holandês penetrando pela barra do Vazabarris, arvora a bandeira de paz e sendo recebido sem hostilidade desembarca e apodera-se de surpresa da cidade.
Não satisfeito com esse desfecho, Felipe Camarão numa tentativa de recuperar o território, cerca São Cristovão por algum tempo, tentando retomá-la de Andreas, más, sem sucesso, faltando recursos levanta o cerco. Essa tentativa de recuperação será suplantada por algum tempo, principalmente em 1642, quando a capitania de Sergipe é doada oficialmente pelo Supremo Conselho da Administração dos Estados Gerais das Províncias Unidas Neerlandesas no Brasil, a Nunin Olfers, ficando assim, São Cristovão em poder dos holandeses.
Por fim, o ano de 1645 significa definitivamente o último dos embates entre os beligerantes, quando após o enfrentamento que culminou com a derrota do forte exército de Nassau, pelas tropas luso-sergipanas, e corolário desse processo é a queda do reduto dos holandeses na cidade de São Cristovão, ante o cerco de D. João de Souza, sendo feito prisioneiro na cidade o comandante holandês, Van Vagels. A partir desse momento, ocorre a segunda fase de desenvolvimento da economia sergipana, na medida que uma vez  expulsos os holandeses para sempre da capitania, volta à mesma, a desempenhar seu papel de capital nas providências de natureza político-administrativas, para a recuperação do território sergipano devastado e restauração da ordem.
 
No bojo da reconstrução da vida econômica sergipana, após o período turbulento da última metade do século XVII, ao qual Cândido Mendes chama de “período de obscurantismo”, referindo-se ao período de ocupação holandesa, cresceram as culturas de subsistência. A recuperação da capitania foi compartilhada e motivada por um espírito de coletividade entre a sociedade pastoril, que já havia sofrido vários golpes, e apesar de muitas vezes entrar em divergências, em outros momentos da vida local, agora unia suas forças nesse momento importante para  a retomada da economia da capitania.







REFERÊNCIAS

DÓRIA, Epifânio. Efemérides Sergipanas – volume I: Organização de Ana Maria Fonseca Medina. Aracaju: Gráfica  Editora J. Andrade Ltda., 2009.
Enciclopédia dos Municípios brasileiros. XIX volume. Rio de Janeiro 1959.
FREIRE, Felisbelo. História de Sergipe. 2 ed., Petrópolis: Vozes/ Aracaju:
Governo do Estado de Sergipe, 1977.
NUNES, Maria Thetis. Sergipe Colonial I. Rio de janeiro: Tempo Brasileiro, 1989.
SOUSA, Antonio Lindvaldo. Das Insubordinações e Protestos à Independência da capitania de Sergipe. In: Temas e História de Sergipe II. São Cristovão: Universidade Federal de Sergipe/CESAD, 2007.

sexta-feira, 15 de março de 2013

" CICLO DE ENGENHOS EM SERGIPE"

       
     Esse relatório tem como objetivo, descrever as atividades desempenhadas na visita de estudos realizada no dia 09/03/2013, tendo como tema: “Ciclo de Engenhos em Sergipe”, promovida pela disciplina Temas de Sergipe II, ministrada pelo professor Antônio Lindvaldo, aos antigos engenhos: Engenho e Fazenda São Félix localizado em Santa Luzia do Itanhy, engenho fazenda Camaçari e engenho fazenda Dira, localizados em Itaporanga, além da fazenda Santa Cruz, localizada em Laranjeiras.     

     A viagem tem início com a saída de Aracaju ás 7:00hs da manhã, em direção a Santa Luzia do Itanhy, chegando á Fazenda São Félix às 8:00hs, localizada na bacia do Rio Piauí e Rio Real, onde após o reconhecimento da área, ocorreu a explanação do profº Lindvaldo, que tratou da história do engenho desde que foi erguido no ano de 1632, considerando o segundo engenho mais antigo de Sergipe. O São Félix passa por três gerações: no primeiro momento, D. Joaquina herda essa terra e casa-se com o tenente coronel, um homem bem relacionado politicamente e muito capaz, fica neste local desde quando casa até sua morte em 1822, e consegue ampliar muito a herança da esposa.

    
Foto 1: Fachada do fundo da Fazenda  São Félix.
Foto 2:  Aula do profº Lindvaldo.

       O professor faz uma citação a despeito da ampliação dos negócios do engenho, onde diz que segundo Anderson Luiz Araújo Moreira: "Como o cultivo da lavoura, da cana de açucar e a criação de gado dando bons lucros, o tenente coronel resolveu ampliar seus domínios e aos poucos foi comprando não só todos os sítios da redondeza, como também os que seus cunhados iam recebendo como herança, anexando as suas terras tornando-se uma grande e próspera fazenda.

       Esse  mesmo Moreira disse que de 1849 ao ano de 1861 ele comprou quase o total  de dez sítios, modificou  a fazenda que era de fato acanhada, e passou a construir o sobrado e o engenho de moer a cana. O sobrado atual teve início sua construçao  em 1948, é construído de pedra e cal, com três janelas avidraçadas, na parte de cima morava a família, e na parte  de baixo tinha a cozinha, um armazém, um depósito, a senzala, a escola. Más, depois de tanto trabalhar e estar bem organizado o engenho, ele morre com 40 anos acidentado, após subir para realizar conserto na roda d'água responsável por mover a água, deixando a mulher viúva novamente.
    A segunda estória do engenho São Félix começa, quando Dona Joaquina fica viúva, e resolve se casar novamente, agora com o Barão de Timbó, ganhando o título de baronesa, com ele  tem alguns filhos que vão ser muito bem encaminhados, se tornando médicos e advogados etc. Essa segunda administração tocou para frente os negócios do engenho, pegando o auge da cana de açúcar e melhorando cada vez mais o fim dos primeiros tempos. Evidentemente no início do século XX, virou usina como foi de praxe em todos os engenhos em transformação, então suas máquinas pararam no ano de 1960 à 1970.


Foto 3: Fachada da Frente do São  Félix
 
Foto 4: Sala de eventos do Engenho.

















O profº Lindvaldo também abordou o engenho sobre o aspecto arquitetônico, citando a arquiteta Cátia Loureiro, trazendo o seu olhar do ponto físico, onde diz que ela deixa bem claro quantas janelas haviam, mostrando que até hoje, o quarto é ocupado pela família em período de férias. Esse engenho é atualmente de propriedade do Sr. Gilberto Vieira Leite, e é tombado pelo Estado, pela lei nº 6.126 de 06 de janeiro de 1984.
Fazenda camaçari
      As 9:h30min, saímos do engenho São Félix, em direção a fazenda Camaçari chegando na casa de Dona Maria Augusta, por volta das 11:00hs, onde a explanação ficou por conta do professor Samuel Albuquerque, de acordo com ele, o primeiro registro que se tem sobre esse engenho, diz simplesmente que em 1807 no Vaza-barris existia o engenho Camaçari e que pertencia  ao senhor José Ribeiro Losano. Más em 1855, esse já pertencia ao Brigadeiro Dias Coelho e Melo, futuro Barão de Itaporanga, que dominava toda essa região do vaza-barris,  e na década de 1870, esse bem já tinha sido transferido para o senhor escurial, para o já Barão da Estância.
        A primeira esposa do Barão de Itaporanga, Dona Maria Michaela de Melo, morreu em 1873, e evidentemente foi feito a partilha dos bens, e nessa partilha dos bens, o Camaçari migrou para o dono do escurial, o Barão da Estância, então todo esse território foi incorporado aos domínios de um único senhor. Desse modo, Camaçari e Escurial pertenceram entre os início da década de 1870 e 1891 ao Barão da Estância. O Barão da Estância casou-se três vezes, sua primeira mulher se chamava Lorença com quem teve dois filhos, Pedro e Amélia. Do segundo casamento com uma outra Lorença, teve mais duas filhas, Aurélia e Ana, a última esposa dele foi uma sobrinha, chamada Ana Francisca.


Foto 5: Fazenda Camaçari
Foto 6:  Sala de  Jantar.
Entre as décadas de 1870 e 1883, quem viveu mais especificamente na Camaçari, foi o filho do Barão da Estância Pedro e sua esposa, Ana Luíza, más tendo o barão tendo se decepcionado com seu filho toma de volta a fazenda e reincorporou o Camaçari, que permaneceu como anexo do Escurial até 1890, quando morreu a segunda esposa do Barão da Estância, Lorença de Almeida Dias Melo, e houve uma nova partilha de bens, nessa nova partilha de bens, as duas herdeiras eram as duas filhas do segundo casamento, a Aurélia e a Anita que era a filha caçula do Barão, e quem herdou o Camaçari foi o marido da Ana, José Correia Bittencourt, um médico sergipano porque as mulheres não herdavam, eram representadas pelos seus maridos.


Más ele, sua esposa e seus filhos já estavam estabelecidos no Rio de Janeiro, então o Camaçari ficou pouquíssimo tempo nas mãos desse casal, depois da partilha, quando em 1891 foi feito inventário e eles se desfizeram do Camaçari, finalmente o Camaçari saiu das mãos pelo menos temporariamente do Barão de Itaporanga e do Barão da Estância.


Foto 7: Capela da fazenda Camaçari
    Por interferência de Adolfo Rolemberg, que era o neto predileto e principal herdeiro do Barão da Estância, que intermediou a venda do Camaçari, para um outro proprietário local, João Augusto de Freitas Garcez, e um dos filhos desse novo proprietário do Camaçari, João Sobral Garcez acabou casando-se com uma bisneta do Barão da Estância, chamada Alzira que era sobrinha de Adolfo Rolemberg do Escurial, e bisneta do Barão da Estância, então dessa forma a família do barão da Estância voltou ao domínio da propriedade, Alzira juntamente com o João, são os pais de uma figura política do nosso Estado, que é o ex governador Arnaldo Rolemberg Garcez, sobretudo a partir da década de 1940, quando foi governador do Estado, foi deputado federal, foi prefeito de Itaporanga, faleceu recentemente em 2010, aos 99 anos. Arnaldo Rolemberg Garcez foi o último proprietário da Fazenda Camaçari, estando atualmente sobre o domínio de Dona Maria Augusta.


Fazenda Dira
      Após terminar as atividades na fazenda Camaçari, fomos almoçar em Itaporanga por volta das 13:00Hs, em seguida saímos do almoço às 14:05hs, dando continuidade  as atividades, fomos para a  fazenda Dira em Itaporanga chegando no local às 15:15hs, fazendo reconhecimento da região e fomos direto a capela da fazenda, onde o profº Lindvaldo abordou que todas essas regiões que produziram cana-de-açúcar mais no final do século XVIII, até o início do século XX, eram engenhos banguês citando a Maria da Glória, que é especialista de história econômica da parte de engenho.


      De acordo como professor essa região e a outra região de Santa Luzia, nunca chegaram a produção do que foi a produção da região da cotinguiba, pois lá se produziu mais sacas de açúcar, se desenvolveu o comércio e evidentemente a vida a cidade, o aumento populacional, guardada as devidas diferenças, más também  não menospreza o valor e a qualidade do patrimônio dos engenhos de fora da Cotinguiba. Destacou a importância da região pelo aspecto que se apresenta e pela sua beleza.

Foto 8: Fachada do engenho Dira
Foto 9: Interior da capela
O engenho Dira está em torno do Vaza barris, e os primeiros donos são do século XIX, o sr. Antônio Teles de Menezes e D. Lorença de João Sobral Pinheiro, apesar de que a capela, é anterior a fundação e o domínio do açúcar do século XIX, a capela é de 1703, demonstrando que ela já existia antes do auge da cana-de-açúcar no final do século XVIII e início do século XIX. Então o grande personagem que se destaca, ou seja, a história que se destaca nesse engenho é a figura de Antônio Teles de Menezes, más ele morre em 1849, e quem fica no lugar é a esposa dele, que herda toda  a administração e passa a tocar para frente todos os problemas que existia, vende para família Dias, e no século XX volta para a família de origem, a família Sobral, e atualmente está sobre o domínio da família do grupo Maratá que faz o trabalho de preservação.

Foto 10: Fachada externa da Capela
    


A Cátia Loureiro que é arquiteta, diz que a casa grande do engenho Dira está implantada num extenso vale e sofreu várias alterações do ponto de vista interior, onde a capela fica um pouco distante, más voltada para a casa grande, segundo Cátia Loureiro, a casa central denota duas etapas  de construção, que exibe uma contribuição colonial e outra neogótica, datando a primeira de aproximadamente a primeira de 1670, com essas palavras e com essa capela demonstra que o engenho existe antes do auge da cana-de-açúcar no final do século XVIII e século XIX.



Fazenda de Santa Cruz.


  Saímos da Fazenda Dira às 16:10Hs, chegando à Fazenda Santa Cruz em Laranjeiras às 17:30hs para o último compromisso do dia, após as devidas observações, o profº Samuel iniciou sua fala ainda no lado de fora da casa, dizendo que a casa de Dona Baby que se localiza no coração da Cotinguiba, foi originalmente o engenho Santa Cruz da família Bragança que depois foi embora de Sergipe, posteriormente adquirida por um familiar do engenho Pedras que se transfere para a Santa Cruz.

Foto 11: Casa de Dona Baby
Foto 12: Alunos da displina na sala de jantar do Santa Cruz.
















Na fala de Priscila que é graduada em história e pesquisadora do engenho pedras, destacou que os móveis encontrados alí pertenceram aos engenhos Pedras e ao Oiteirinhos. De acordo com ela, Dona Baby que é esposa de Augusto Leite, e juntamente com sua família vem morar no engenho Santa Cruz em 1971, após a venda  da usina pedras para o grupo Franco. Quando vieram para a Santa Cruz, houve a partilha dos bens, e parte dos móveis do Pedras ficou com Dr. Augusto, como por exemplo, a sala de jantar, e os mobiliários dos quartos que pertenceram ao Pedras. São muitos móveis, muitas louças que foram repartidos para oito pessoas diferentes da família, assim dá para ter uma noção de como era grande a casa grande do Pedras e da quantidade de bens que eles possuíam.
Foto 13: Maria do Faro Rolemberg.

Sendo que na parte de baixo tem uma predominância dos móveis do engenho Pedras, e na parte de cima predominam mais os móveis do Oiteirinhos. Além disso, foi possível observar uma peça importante da casa, um quadro que retrata a senhora Maria do Faro Rolemberg, quando bem jovem, grande matriarca da família Rolemberg Leite, e que ficava na sala de estar, logo na entrada do engenho Pedras. O oiteirinhos – em Japaratuba - pertencia a família de Luiza e o Pedras pertencia a família de Carmém Leite. A nossa saída de volta a Aracaju ocorre às 18:25 hs.










segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

RELATÓRIO DE VIAGEM : "O Sertão tem Histórias - Lendas, Religiosidades e Representações Sertanejas"

Foto 1: Igreja Católica de N. S. das Dores
A viagem de estudo ao sertão, foi organizada pela discipina Temas de História de  Sergipe II, ministrada pelo professor Antônio Lindvaldo e teve início, com a saída de Aracaju às 7:00hs da manhã do sábado,  dia 26/01/2013 com destino a N. Senhora das Dores, onde chegamos por volta de 8:05hs para tomar café da manhã no restaurante  “Rota do Cangaço”. Após o café, nos dirigimos  para uma visita a Igreja católica de Nossa Senhora das Dores, em seguida às 9:05 hs trabalhando como tema “Religiosidade” começaram as apresentações de Magneide ex aluna da UFS, sucedendo com apresentação e demonstração do grupo dos penitentes, posteriormente a explanação do profº João Paulo, todos residentes na cidade, bem como, da exibição de um vídeo da sexta-feira santa.

A professora Magneide é graduada em história pela UFS, apresentou sua monografia, pesquisa realizada  para conclusão de curso, que teve como tema a procissão dos penitentes, com a presença de um dos seus entrevistados, onde abordou a linha teórica de Pierre Bourdieu, e também se utilizou amiúde como referência o pesquisador folclorista Alceu Maynard Araújo. A procissão dos penitentes tem hoje em torno de 700 a 800 componentes, no entanto, de acordo com Magneide, nos anos iniciais essa procissão era fechada, isto é, só tinha a participação de homens, além disso, tinha poucos participantes. As pessoas não acompanhavam  a procissão, por que não era bem aceita pela população, haja vista, que não era uma procissão oficial da igreja.
 
Foto 2: Profª Magneide e  Profº. Lindvaldo



Os principais elementos que compõe a procissão são:  o cemitério, os pagadores de promessas, e as matracas. Comenta Magneide, que com o profeta Campos, houve uma quebra na regra existente anteriormente, onde a primeira modificação se deve a abertura para a participação de outras pessoas; a segunda foi a introdução dos meios de comunicação para divulgar o evento; e a terceira se deve a aceitação da procissão pelo padre  Raimundo Cruz. Atualmente a procissão sai às 7:00 hs e retorna à igreja às 3:00 hs da manhã. Após sua explanação, houve uma apresentação dos penitentes, caracterizados com suas vestes no mesmo local.



Foto 3: Amostra dos penitentes no local.

Dando continuidade a programação, o Profº. João Paulo fez sua apresentação que teve como título, “A igreja Católica em N. Senhora das Dores,” trabalhando as quatro procissões: cruzeiro do século; procissão do senhor morto; madeiro; penitentes. Esta pesquisa foi desenvolvida em sua graduação, que posteriormente foi ampliada em sua dissertação de mestrado, com o tema: “Uma Cruz para os Enforcados”. De acordo com o prof°. João Paulo que pesquisou, “A Igreja Católica em Sergipe no século XIX,” tudo tem início com a criação da vila em 1950, e alguns anos depois em 1958 se deu a criação da freguesia.

Destacou também a importância da vila no cenário econômico, com a produção de cana-de-açúcar e a criação de gado. A despeito da procissão dos penitentes, de acordo com o mesmo, surge em um período em que ocorreu grande seca e várias epidemias, e as pessoas acreditavam que esses infortúnios eram provenientes da quantidade de pecados do povo, isto é, castigo divino, nesse sentido, a procissão foi criada com o intuito de fazer com que as pessoas se redimissem e pagassem seus pecados. Após sua fala, foi exibido um vídeo documentário da sexta-feira santa, onde foi possível observar as características das quatro procissões: cruzeiro do século; senhor morto; madeiro; penitentes.


Foto 4: Alunos da disciplina vendo a palestra do Profº João Paulo
Finalizamos nossas atividades em N. Senhora das Dores, e após o almoço no mesmo local, seguimos para N.Senhora da Glória, onde descansamos até a retomada das atividades que se deu às 20:25hs, com a apresentação do Profº. Antônio Lindivaldo, abordando o tema: “ O mito do lobisomem” (João Valentim). João Valentim nasceu em Aquidabã em 1915, chegou em Monte Alegre na década de 1970, e morreu com 82 anos, no município de N. Senhora do Socorro – Taiçoca, sendo enterrado no cemitério S. João Batista. Em sua explanação, o profº. Lindivaldo procurou tratar o tema, dando ênfase ao João Valentim pertencente a cultura sertaneja, e não  como mito, haja vista, que  o lobisomem foi uma construção coletiva e também individual, más sim, como homem que desempenhou a profissão de vaqueiro, de curandeiro, e por conhecer o comportamentos dos animais, e ter uma estrutura física desgastada, com unhas grandes, aparência envelhecida, se utilizou desses  artifícios contribuindo na construção do mito.
          Às 21:05hs, teve início a apresentação do prof°. Uilder Celestino, trabalhando o tema: “Relações com o Passado: a experiência da arte de Véio e a leitura do tempo pela história”. Em sua explanação, o profº. Uilder abordou Véio (Cícero), desenvolvendo as atividades de colecionista; artesão; escultor e agricultor, com exibição em slides do atelier, peças e casa onde mora. Em 1982 , Véio teve seus trabalhos expostos em museus e memoriais, destacando as três fases de exposição de seus trabalhos. Na primeira fase, retratou o sertão em Paris, trabalhando com peças minúsculas o dia-a-dia nordestino, na segunda fase, procurou dá uma pausa e repensar seu trabalho, e na terceira fase, também teve seus trabalhos expostos na França e em outros Países. Uma das suas representações em escultura é a figura de uma mulher grávida com sete meninos ao redor e com a mão não cabeça fazendo referência ao mito do lobisomem. Às 21: 45hs teve início ao sarau, com a apresentação de MPB pelo cantor Igor, aboiadores, e por fim, apresentação do forró pé de serra.




Foto 5: Prof.º Eloy
 No dia 27/01/2013,após o café da manhã, saímos de N. Senhora da Glória às 8:45hs com destino a Monte Alegre, chegando lá, ouvimos uma série de depoimentos sobre o mito João Valentim. O primeiro depoimento ocorre às 9:30 hs, proferido pelo prof.º Cícero, que relata estórias vividas por ele e por amigos que conheciam o João Valentim, o segundo depoimento ocorre em outra casa, onde o profº. Eloy relata que, João Valentim era vaqueiro da fazenda de seu pai, e ele sendo muito curioso conversava com João Valentim, contando estórias que ocorreram com ele e com outros amigos, reforçando o mito do homem que virava lobisomem.
                                                                                                   
                                                                                             


Foto 6: Casa de João Valentim 
Em seguida, fomos conhecer a casa onde morou o João Valentim, que tem como atual morador o Sr. Brió como é conhecido, que embora nunca tenha conhecido João Valentim, se encontrava lá juntamente com outros moradores da rua que conheciam, e puderam dá alguns depoimentos a respeito do mesmo, bem como, de suas características físicas e etc. 


Foto: 7 "Capela Cruz dos Inocentes."

Às 10:45hs fizemos uma visita rápida ao cemitério, à cova do lobisomem do mal. Em seguida partimos em direção ao povoado sítios novos, onde almoçamos, e saímos por volta de 13:10hs, chegando a capela cruz dos inocentes às 13:15, que tem esse nome, por que alí, fora assassinado e enterrado um vendedor de ouro, que descansava em baixo de uma árvore, onde hoje se encontra a capela. Lá houve a apresentação do Sr. Genovito, que também é responsável por manter a tradição da carvalhada que ocorre entre os dias 01 e 03 de maio, e representa a luta entre os cristãos e os mouros. Às 15:00hs começou a apresentação da carvalhada que teve duração de duas horas.

 

Foto 8: Carvalhada
A carvalhada é composta de 12 homens, sendo 6 de cada lado, primeiramente ela parte da frente da capela e posteriormente segue em direção ao campo de batalha, acompanhada pela banda de pífano, que toca durante todo o tempo da apresentação, no final, eles retornam à frente da capela para a saudação à N. S. da Conceição, padroeira da capela, encerrando com um sapateado dos participantes. E por fim, às 17:40hs ocorre a nossa saída de Poço Redondo de volta à Aracaju.