sexta-feira, 15 de março de 2013

" CICLO DE ENGENHOS EM SERGIPE"

       
     Esse relatório tem como objetivo, descrever as atividades desempenhadas na visita de estudos realizada no dia 09/03/2013, tendo como tema: “Ciclo de Engenhos em Sergipe”, promovida pela disciplina Temas de Sergipe II, ministrada pelo professor Antônio Lindvaldo, aos antigos engenhos: Engenho e Fazenda São Félix localizado em Santa Luzia do Itanhy, engenho fazenda Camaçari e engenho fazenda Dira, localizados em Itaporanga, além da fazenda Santa Cruz, localizada em Laranjeiras.     

     A viagem tem início com a saída de Aracaju ás 7:00hs da manhã, em direção a Santa Luzia do Itanhy, chegando á Fazenda São Félix às 8:00hs, localizada na bacia do Rio Piauí e Rio Real, onde após o reconhecimento da área, ocorreu a explanação do profº Lindvaldo, que tratou da história do engenho desde que foi erguido no ano de 1632, considerando o segundo engenho mais antigo de Sergipe. O São Félix passa por três gerações: no primeiro momento, D. Joaquina herda essa terra e casa-se com o tenente coronel, um homem bem relacionado politicamente e muito capaz, fica neste local desde quando casa até sua morte em 1822, e consegue ampliar muito a herança da esposa.

    
Foto 1: Fachada do fundo da Fazenda  São Félix.
Foto 2:  Aula do profº Lindvaldo.

       O professor faz uma citação a despeito da ampliação dos negócios do engenho, onde diz que segundo Anderson Luiz Araújo Moreira: "Como o cultivo da lavoura, da cana de açucar e a criação de gado dando bons lucros, o tenente coronel resolveu ampliar seus domínios e aos poucos foi comprando não só todos os sítios da redondeza, como também os que seus cunhados iam recebendo como herança, anexando as suas terras tornando-se uma grande e próspera fazenda.

       Esse  mesmo Moreira disse que de 1849 ao ano de 1861 ele comprou quase o total  de dez sítios, modificou  a fazenda que era de fato acanhada, e passou a construir o sobrado e o engenho de moer a cana. O sobrado atual teve início sua construçao  em 1948, é construído de pedra e cal, com três janelas avidraçadas, na parte de cima morava a família, e na parte  de baixo tinha a cozinha, um armazém, um depósito, a senzala, a escola. Más, depois de tanto trabalhar e estar bem organizado o engenho, ele morre com 40 anos acidentado, após subir para realizar conserto na roda d'água responsável por mover a água, deixando a mulher viúva novamente.
    A segunda estória do engenho São Félix começa, quando Dona Joaquina fica viúva, e resolve se casar novamente, agora com o Barão de Timbó, ganhando o título de baronesa, com ele  tem alguns filhos que vão ser muito bem encaminhados, se tornando médicos e advogados etc. Essa segunda administração tocou para frente os negócios do engenho, pegando o auge da cana de açúcar e melhorando cada vez mais o fim dos primeiros tempos. Evidentemente no início do século XX, virou usina como foi de praxe em todos os engenhos em transformação, então suas máquinas pararam no ano de 1960 à 1970.


Foto 3: Fachada da Frente do São  Félix
 
Foto 4: Sala de eventos do Engenho.

















O profº Lindvaldo também abordou o engenho sobre o aspecto arquitetônico, citando a arquiteta Cátia Loureiro, trazendo o seu olhar do ponto físico, onde diz que ela deixa bem claro quantas janelas haviam, mostrando que até hoje, o quarto é ocupado pela família em período de férias. Esse engenho é atualmente de propriedade do Sr. Gilberto Vieira Leite, e é tombado pelo Estado, pela lei nº 6.126 de 06 de janeiro de 1984.
Fazenda camaçari
      As 9:h30min, saímos do engenho São Félix, em direção a fazenda Camaçari chegando na casa de Dona Maria Augusta, por volta das 11:00hs, onde a explanação ficou por conta do professor Samuel Albuquerque, de acordo com ele, o primeiro registro que se tem sobre esse engenho, diz simplesmente que em 1807 no Vaza-barris existia o engenho Camaçari e que pertencia  ao senhor José Ribeiro Losano. Más em 1855, esse já pertencia ao Brigadeiro Dias Coelho e Melo, futuro Barão de Itaporanga, que dominava toda essa região do vaza-barris,  e na década de 1870, esse bem já tinha sido transferido para o senhor escurial, para o já Barão da Estância.
        A primeira esposa do Barão de Itaporanga, Dona Maria Michaela de Melo, morreu em 1873, e evidentemente foi feito a partilha dos bens, e nessa partilha dos bens, o Camaçari migrou para o dono do escurial, o Barão da Estância, então todo esse território foi incorporado aos domínios de um único senhor. Desse modo, Camaçari e Escurial pertenceram entre os início da década de 1870 e 1891 ao Barão da Estância. O Barão da Estância casou-se três vezes, sua primeira mulher se chamava Lorença com quem teve dois filhos, Pedro e Amélia. Do segundo casamento com uma outra Lorença, teve mais duas filhas, Aurélia e Ana, a última esposa dele foi uma sobrinha, chamada Ana Francisca.


Foto 5: Fazenda Camaçari
Foto 6:  Sala de  Jantar.
Entre as décadas de 1870 e 1883, quem viveu mais especificamente na Camaçari, foi o filho do Barão da Estância Pedro e sua esposa, Ana Luíza, más tendo o barão tendo se decepcionado com seu filho toma de volta a fazenda e reincorporou o Camaçari, que permaneceu como anexo do Escurial até 1890, quando morreu a segunda esposa do Barão da Estância, Lorença de Almeida Dias Melo, e houve uma nova partilha de bens, nessa nova partilha de bens, as duas herdeiras eram as duas filhas do segundo casamento, a Aurélia e a Anita que era a filha caçula do Barão, e quem herdou o Camaçari foi o marido da Ana, José Correia Bittencourt, um médico sergipano porque as mulheres não herdavam, eram representadas pelos seus maridos.


Más ele, sua esposa e seus filhos já estavam estabelecidos no Rio de Janeiro, então o Camaçari ficou pouquíssimo tempo nas mãos desse casal, depois da partilha, quando em 1891 foi feito inventário e eles se desfizeram do Camaçari, finalmente o Camaçari saiu das mãos pelo menos temporariamente do Barão de Itaporanga e do Barão da Estância.


Foto 7: Capela da fazenda Camaçari
    Por interferência de Adolfo Rolemberg, que era o neto predileto e principal herdeiro do Barão da Estância, que intermediou a venda do Camaçari, para um outro proprietário local, João Augusto de Freitas Garcez, e um dos filhos desse novo proprietário do Camaçari, João Sobral Garcez acabou casando-se com uma bisneta do Barão da Estância, chamada Alzira que era sobrinha de Adolfo Rolemberg do Escurial, e bisneta do Barão da Estância, então dessa forma a família do barão da Estância voltou ao domínio da propriedade, Alzira juntamente com o João, são os pais de uma figura política do nosso Estado, que é o ex governador Arnaldo Rolemberg Garcez, sobretudo a partir da década de 1940, quando foi governador do Estado, foi deputado federal, foi prefeito de Itaporanga, faleceu recentemente em 2010, aos 99 anos. Arnaldo Rolemberg Garcez foi o último proprietário da Fazenda Camaçari, estando atualmente sobre o domínio de Dona Maria Augusta.


Fazenda Dira
      Após terminar as atividades na fazenda Camaçari, fomos almoçar em Itaporanga por volta das 13:00Hs, em seguida saímos do almoço às 14:05hs, dando continuidade  as atividades, fomos para a  fazenda Dira em Itaporanga chegando no local às 15:15hs, fazendo reconhecimento da região e fomos direto a capela da fazenda, onde o profº Lindvaldo abordou que todas essas regiões que produziram cana-de-açúcar mais no final do século XVIII, até o início do século XX, eram engenhos banguês citando a Maria da Glória, que é especialista de história econômica da parte de engenho.


      De acordo como professor essa região e a outra região de Santa Luzia, nunca chegaram a produção do que foi a produção da região da cotinguiba, pois lá se produziu mais sacas de açúcar, se desenvolveu o comércio e evidentemente a vida a cidade, o aumento populacional, guardada as devidas diferenças, más também  não menospreza o valor e a qualidade do patrimônio dos engenhos de fora da Cotinguiba. Destacou a importância da região pelo aspecto que se apresenta e pela sua beleza.

Foto 8: Fachada do engenho Dira
Foto 9: Interior da capela
O engenho Dira está em torno do Vaza barris, e os primeiros donos são do século XIX, o sr. Antônio Teles de Menezes e D. Lorença de João Sobral Pinheiro, apesar de que a capela, é anterior a fundação e o domínio do açúcar do século XIX, a capela é de 1703, demonstrando que ela já existia antes do auge da cana-de-açúcar no final do século XVIII e início do século XIX. Então o grande personagem que se destaca, ou seja, a história que se destaca nesse engenho é a figura de Antônio Teles de Menezes, más ele morre em 1849, e quem fica no lugar é a esposa dele, que herda toda  a administração e passa a tocar para frente todos os problemas que existia, vende para família Dias, e no século XX volta para a família de origem, a família Sobral, e atualmente está sobre o domínio da família do grupo Maratá que faz o trabalho de preservação.

Foto 10: Fachada externa da Capela
    


A Cátia Loureiro que é arquiteta, diz que a casa grande do engenho Dira está implantada num extenso vale e sofreu várias alterações do ponto de vista interior, onde a capela fica um pouco distante, más voltada para a casa grande, segundo Cátia Loureiro, a casa central denota duas etapas  de construção, que exibe uma contribuição colonial e outra neogótica, datando a primeira de aproximadamente a primeira de 1670, com essas palavras e com essa capela demonstra que o engenho existe antes do auge da cana-de-açúcar no final do século XVIII e século XIX.



Fazenda de Santa Cruz.


  Saímos da Fazenda Dira às 16:10Hs, chegando à Fazenda Santa Cruz em Laranjeiras às 17:30hs para o último compromisso do dia, após as devidas observações, o profº Samuel iniciou sua fala ainda no lado de fora da casa, dizendo que a casa de Dona Baby que se localiza no coração da Cotinguiba, foi originalmente o engenho Santa Cruz da família Bragança que depois foi embora de Sergipe, posteriormente adquirida por um familiar do engenho Pedras que se transfere para a Santa Cruz.

Foto 11: Casa de Dona Baby
Foto 12: Alunos da displina na sala de jantar do Santa Cruz.
















Na fala de Priscila que é graduada em história e pesquisadora do engenho pedras, destacou que os móveis encontrados alí pertenceram aos engenhos Pedras e ao Oiteirinhos. De acordo com ela, Dona Baby que é esposa de Augusto Leite, e juntamente com sua família vem morar no engenho Santa Cruz em 1971, após a venda  da usina pedras para o grupo Franco. Quando vieram para a Santa Cruz, houve a partilha dos bens, e parte dos móveis do Pedras ficou com Dr. Augusto, como por exemplo, a sala de jantar, e os mobiliários dos quartos que pertenceram ao Pedras. São muitos móveis, muitas louças que foram repartidos para oito pessoas diferentes da família, assim dá para ter uma noção de como era grande a casa grande do Pedras e da quantidade de bens que eles possuíam.
Foto 13: Maria do Faro Rolemberg.

Sendo que na parte de baixo tem uma predominância dos móveis do engenho Pedras, e na parte de cima predominam mais os móveis do Oiteirinhos. Além disso, foi possível observar uma peça importante da casa, um quadro que retrata a senhora Maria do Faro Rolemberg, quando bem jovem, grande matriarca da família Rolemberg Leite, e que ficava na sala de estar, logo na entrada do engenho Pedras. O oiteirinhos – em Japaratuba - pertencia a família de Luiza e o Pedras pertencia a família de Carmém Leite. A nossa saída de volta a Aracaju ocorre às 18:25 hs.